De los Diversos Colores de Las Caras y Cuerpos de los Cerreños
Obra de Manuel Scorza
Obra de Manuel Scorza

Cerro de Pasco é a cidade mais alta do mundo, suas ruelas se retorcem a altura maior que os montes mais elevados da Europa .É uma cidade onde chovem duzentos dias ao ano. O dia se entreabre sobre uma cerração. Cerro de Pasco se acucuruca ao final da pampa de Junín. Para os mesmos motoristas encolhidos em cachicóis até os olhos, a pampa é um mal pedaço. Todos os caminhoneiros colam em seus parabrisas estampas da Beatinha de Humay: lle encomendam seus motores. Não pode ser que lhes falhe nesta estepe perpetuamente polida pelas geadas; nesta pampa onde o soroche, o mal de altura fulmina a tantos costenhos! Os viajantes que conhecem essa desolação vigiada pelo olho zeloso do lago Junín se benzem assim que desembocam dos rochosos desfiladeiros de La Oroya. Virgem Maria, Protetora dos caminhantes, ampara-nos! Santa Tecla, Protetora dos peregrinos, rogai por nós! Rezam, verdes pela falta de oxigênio, apertando os limões inúteis contra a anoxia. Nem os colares de limão nem as orações servem na estepe sem árvores. Porque os que não viajam a Huánuco não conhecem árvores nem flores, nunca as viram; aqui não crescem. Só o pasto baixinho desafia a cólera dos ventos. Sem esse pasto, ninguém viveria. O pajón é o alimento dos rebanhos de carneiros, única riqueza. Milhares de ovelhas ramoneam na pampa até as três da tarde. Às quatro, cai a guilhotina da escuridão. O entardecer não é o fim do dia senão o acabamento do mundo.
O que traz os homens a esta capitania do inferno? O mineral.