terça-feira, 6 de maio de 2014

Umas viagens e umas portâncias,





me parece que estiou minha capacidade de escrever em versos. Não ando escrevendo poesia, nem prosa. Não tenho me dado com as palavras a este nível, e no entanto minha arrogância ainda se atreve a dizer quando a palavra dos outros é bem dita ou não. O que tem me movido é o som. O movimento em si é sempre acompanhado de som. Vez ou outra também imagem. Mas é como se o som, tivesse substituído minha poética. Na volta de Santiago, das coisas que mais me marcaram posso dizer: dos sofás abandonados, de ponta-cabeça, em terrenos baldios a beira da estrada, à caminho do aeroporto. Numa van transfer ou num taxi de alta classe, e este foi o momento mais luxuoso de toda a viagem, e um velhinho simpático. Imagem silenciosa mas acompanhada de boa música no rádio a vidros fechados, e um dia querendo morrer. Os sofás quase sempre em bom estado, sensações de abandono e de um lugar que poderia repousar nos parques. Uma alusão a recepção callejera. Ou mesmo do couchsurfing desnecessário. Mas eu estava num carro, em movimentos rápidos, e perdia a imagem em segundos, mas eram muitos, muitos sofás. Espaçados, distantes. Em gramados. Por toda estrada.

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