segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O mundo no mundo de Ezra Pound


Ezra Pound é daqueles que tem que ser lido numa biblioteca, ou ao lado de uma carnuda enciclopédia.
Ele imagina que somos cientes de todas as coisas assim como ele (às vezes parece até que nem ele sabe o que diz).
Hoje a internet nos salva desses meses de busca e compreensão que seria lê-lo noutros tempos. Tempos nem tão distantes, mas com o fim da linha para Ezra datado em 1972. Em um livro sem notas de rodapé.

Em Os Cantos:

"Para construir a cidade de Dioce cujos terraços têm cor de estrelas.
Os suaves olhos, calmos, não desdenhosos,
                 a chuva também dentro do processo."
Que diabos de cidade é Dioce?!
a coisa mais interessante que pude achar sobre isso, foi este link http://www.dioce.co.jp/obake/


"e a frota foi para Salamina
foi montada com financiamento estatal para os armadores
    daí o ataque aos estudos clássicos
e nessa guerra estavam Joe Gould, Bunting e cummings
tal contra a grossura e a gordura

negros que morrem no cativeiro
     verde noite de seu discípulo, como polpa de uva e onda de mar
diáfana e luminosamente imortal

              Est consummatum, Ite;

cercado por rebanhos e legiões vistas no Monte Taishan

mas em Tânger, eu vi a ignição na palha seca
         De uma mordida de cobra
         o fogo veio à palha
         pelo sopro do faquir
         palha suja e um serpente de longo alcance
         que mordeu a língua do faquir fazendo pequenos orifícios
                e do sangue dos orifícios
                veio fogo quando ele atulhou de palha a sua boca
palha suja da estrada
                primeiro a fumaça e depois a sombria flama"


Salamina; cidade grega onde houvera uma batalha dos gregos contra os persas.

Diversas vezes o Monte Taishan ou Monte Tai, a montanha sagrada chinesa mais ao oriente.

"Nuvem sobre montanha, montanha sobre a nuvem"



E sobre Basil BUNTING, seu amigo. Uma desmonstração mui explicativa do que pensar das escrituras de Ezra Pound.

"Conselho aos Jovens Poetas

1. Componha em voz alta; a poesia é som.
2. Varie o ritmo o suficiente para arrancar a emoção que queira, mas não tanto como que perca o ímpeto.
3. Use as palavras e a sintaxe da fala.
4. Tema o adjetivo; faz sangrar o substantivo. Odeie a voz passiva.
5. Descarte alegremente os enfeites, mas conserve a forma.

Afaste o poema até que você o esqueça, e depois:

6. Corte todas as palavras que você tiver coragem.
7. Repita a operação uma semana depois, e outra vez.

Nunca expliquem; o leitor é tão esperto quanto você."

Um comentário:

Jordana Diógenis. disse...

Ótimas dicas para um poeta. Amei